quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Novo Blog!

Olá leitor apaixonado por livros!

Gostaria de convidá-lo para conhecer meu novo blog! Se, além de apaixonado por livros, você também é apaixonado por animais de estimação, vai se sentir muito à vontade no Bicho Urbano. Um blog sobre cães e gatos, com dicas práticas para quem quer ter um animal de estimação feliz, para quem adora cães e gatos e não consegue imaginar o mundo sem eles!!!

Não deixe de visitar o Bicho Urbano!

sábado, 14 de fevereiro de 2009

"Spartacus" - Howard Fast (1951)

Há muito para se contar sobre "Spartacus" de Howard Fast. A começar que este é o livro que deu origem ao filme homônimo dirigido por Stanley Kubick em 1960 e estrelado por Kirk Douglas e que até hoje é considerado o mais político dos filmes históricos. Então, vamos considerar também que "Spartacus" seja o mais político dos livros históricos de ficção e, por isso mesmo, o livro foi publicado pelo próprio autor com a ajuda de amigos, já que na época nenhuma editora comercial se disponibilizou a fazê-lo.

O autor:

Howard Fast foi um escritor norte-americano de origem judaica e que viveu em intensa militância política, nos movimentos sindicais e antifascistas, o que lhe rendeu uma grande antipatia por parte do senador Joseph McCarthy. Dessa forma, "Spartacus", a obra mais famosa de Howard Fast, foi escrita durante o período em que o autor estava preso (por recusar-se a fornecer ao comitê de atividades antiamericanas dos Estados Unidos, os nomes dos contribuintes de um hospital que atendia refugiados e feridos da Guerra Civil Espanhola).


capa do livro "Spartacus"

O livro:

O romance é inspirado em um momento histórico real: A revolta dos escravos romanos de 73 a.C., conhecida como a "Terceira Guerra da Servidão".

Spartacus, "o filho de um escravo que era filho de outro escravo", era um homem castigado pelos capatazes, pelo chicote, pelo trabalho árduo nas minhas de ouro do Império Romano. Um homem devastado pela escravidão, um trácio de feições simpáticas - apesar do nariz quebrado- e um verdadeiro líder entre seu povo no cativeiro... Era chamado de "pai" tanto pelos mais novos quanto pelos mais velhos. E esse valente escravo em cuja face era apenas visível a "eternidade da exaustão" tornou-se o melhor gladiador de seu tempo, após ser comprado pelo lanista (treinador de gladiadores) Batiatus. Mas a essência de Spartacus era a vida, seu coração gritava de dor e angústia por achar que "nenhuma indignidade é igual à indignidade de ter sido escolhido para matar" e começa a revolta dos gladiadores e escravos liderada por ele, uma guerra que realmente abalou os alicerces do Império Romano.

Esse é para ler:

Ah, esse é pra ler em casa, à noite, ou em algum lugar onde você possa parar um pouquinho a leitura e pensar sobre o que leu.

Último comentário:

E o livro é maravilhosamente bem escrito, daqueles que a gente não quer largar por nada... A narrativa alterna entre a áspera vida de escravo e gladiador, a futilidade dos ricos romanos que se deliciavam com a crueldade das lutas e o descaso pela vida humana, e é entremeada pela suavidade, nas lembranças da infância de Spartacus, nos momentos em que ele e Varínia (uma escrava germana, que era mulher de Spartacus) dividem uma quase paz e um verdadeiro amor em sua cela de escravos... mas tem muito, muito mais a se saber sobre essa obra encantadora!!

Dedicatória do autor:

A dedicatória de Howard Fast em "Spartacus" é linda e merece ser transcrita, por isso, aqui vai!

"Este livro é para minha filha Rachel e para meu filho Jonathan. É o relato da vida de homens e mulheres corajosos, que existiram há muito e cujos nomes jamais foram esquecidos. Os heróis deste romance amavam a liberdade e a dignidade humanas e viveram bem e com nobreza. Escrevi-o para que os que o lessem conseguissem obter forças para o nosso problemático futuro e assim poderem lutar conta a opressão e a injustiça (...) para que o sonho de Spartacus possa se realizar em nosso próprio tempo."

Um trecho:

Um pequeno trecho desta obra magnífica, para você, leitor, sentir aquela pontadinha de vontade de correr para a livraria mais próxima!

(...)" (Spartacus) Jamais conseguiu entrar na casa de banhos sem refletir no cuidado com os corpos dos que eram criados para a morte e treinados para produzir apenas morte. Quando ele havia produzido as coisas da vida - trigo, cevada, ouro-, seu corpo era uma coisa inútil, suja, uma coisa de lixo e vergonha, para ser batido, chutado, chicoteado, morto a fome... Mas agora que havia se tornado uma criatura de morte, seu corpo era tão precioso quanto o metal amarelo que escavara na África. E, estranhamente, somente agora o ódio começava a fluir. Antes, não havia lugar para ele; o ódio é um luxo que necessita ser alimentado e fortalecido e até mesmo de tempo para uma certa reflexão. Agora possuía isso (...) odiava Roma e Batiatus; e odiava tudo o que fosse romano. Fora nascido e criado para aceitar o cultivo dos campos, a criação de gado e a mineração de metais; mas só em Roma viu a educação e o treino de homens para estraçalhar outros homens e sangrar na areia, para o prazer e a excitação de homens e mulheres bem-educados." (...)


quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

"Almas Mortas" - Nikolai Gógol (1842)

"Almas Mortas" de Nikolai Gógol é um marco da literatura russa. Embora Gógol tenha nascido na Ucrânia é considerado como um escritor russo, pois morou na Rússia e todas as suas obras foram escritas nessa língua.

Mesmo passados 167 anos desde a publicação desta bela obra, é impressionante como o tema é atualíssimo: a corrupção nos órgãos públicos, como se torna medíocre o ser humano frente aos desejos de poder, a ganância, as mentiras, as fofocas... e tudo o que há de pior na natureza humana está fielmente retratado com certos toques de humor, que fazem com que a leitura seja leve, fluida e divertida.

Mas a narrativa vai muito além de somente contar uma história, Gogol tem como sua característica mais marcante a capacidade de mostrar a superficialidade do homem vulgar e nessa obra, que por pouco não deixou de ser publicada graças à censura, Gógol retrata também a situação da Rússia na época, quando o povo vivia em regime de servidão e os bens de um proprietário eram avaliados pela quantidade de "almas"(como chamavam os servos). Obviamente, o povo russo não gostou muito da idéia de que seu país fosse conhecido pelo resto do mundo sob essa ótica e choveram críticas desfavoráveis.

O livro trata de uma história insólita(que foi sugerida a Gógol por seu amigo, o poeta Púchkin): o nosso "herói" é Pável Ivánovitch Tchítchicov, um homem em busca de dinheiro, respeito e vantagens. Até aí, tudo normal, não fosse o plano bizarro e nem um pouco lícito de comprar almas mortas. Na época em que se passa a história, os campos russos eram divididos em grandes propriedades, e os "pomiêchtchiki" (donos de grandes propriedades rurais, fazendeiros) eram donos de muitas almas (os servos, que trabalhavam a terra, sem nunca possuí-la).

A idéia de Tchítchicov é viajar pelo interior da Rússia, ganhar a confiança e o respeito dos detentores dos mais altos cargos nas cidades-sede de províncias e dos pomiêchtchiki, para depois comprar ou ganhar, apenas no papel, os servos mortos mas que ainda não foram declarados como tal aos recenseadores. Assim, Tchítchicov espera hipotecar as almas como se fossem vivas e obter um grande lucro. O protagonista dessa história é um oportunista medíocre e um mentiroso nato, mas tem uma característica incrível: consegue identificar imediatamente os pontos fracos das pessoas, moldar-se ao caráter delas e só fazer e falar aquilo que elas gostariam de escutar... enfim: o golpista perfeito!

Todos esses atributos do personagem, somados às paisagens (que são muito bem descritas) e uma trama bem elaborada, além da riqueza de detalhes dos outros personagens, faz com que "Almas Mortas" seja um daqueles livros que não dá vontade de largar!

Isso tudo faz com que seja realmente uma pena, lamentável mesmo, o fato de o autor, um ser humano conturbado e que caía em crises frequentes de depressão, ter queimado todos os seus manuscritos pouco antes de morrer, e com eles, o fim da segunda parte de "Almas Mortas". Dessa forma, a obra fica inacabada, mas deixa uma enorme margem para a imaginação dos leitores... o que teria acontecido com o nosso mentiroso Tchítchicov? Teria ele conseguido alcançar seu objetivo e ficado rico? Se isso, ou qualquer outra coisa, fica a cargo de você, leitor!

Esse é para ler:

Em qualquer lugar e a qualquer hora!

Últimos comentários:

Leia esse livro incrível e decida o final dessa maravilhosa obra! Sinta-se à vontade para postar aqui, se desejar, o seu final de "Almas Mortas".

E termino esse post com uma frase retirada da obra: "Mas os seres humanos são superficiais e pouco perspicazes, e um homem de roupa diferente lhes parece um outro homem." Verdade até nos dias de hoje, não?
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